O que é o Centro?
O Centro de tratamento (Carl-Zeiss / CORS- Hospital Centro de Olhos do RS) visa oferecer todos os tratamentos atuais e disponíveis para diagnosticar e tratar o ceratocone à luz da literatura médica atual com o auxílio da tecnologia.
Tem como base e apoio o Programa de Estágio (fellow) em Cirurgia Refrativa e Ceratocone nas plataformas de Laser da empresa Carl-Zeiss, localizados no Hospital Centro de Olhos – CORS.
O que é Ceratocone ?
É uma doença da córnea tipo ectasia- degeneração corneana, em que a córnea aumenta sua curvatura de forma irregular e assume formato de cone. Esta alteração causa astigmatismo com irregularidade, o que leva à distorção das imagens e determina limitação do uso de óculos ou simplesmente eles não funcionam.
A doença costuma ser bilateral, isto é, acomete ambos os olhos, tem caráter progressivo, porém é comum haver diferente progressão entre os olhos. Quanto mais jovem o paciente, maior a tendencia de progressão. A doença começa na adolescência e evolui geralmente até ou 35/ 40 anos ou mais, quando geralmente ocorre uma estabilização pelo enrigecimento natural, devido ao envelhecimento.
Apesar do ceratocone poder levar a uma acentuada perda de visão, raramente leva à cegueira irreversível. A doença é indolor e não inflamatória (não deixa o olho vermelho). Coceira nos olhos é frequente, pois há grande associação com alergia ocular.
A incidência de ceratocone pode chegar até 0,05 % da população e 6% dos candidatos para cirurgia refrativa- miopia e astigmatismo.
Os sintoma são o embaçamento e distorção da imagem, associado à miopia e astigmatismo progressivo. O óculos então pode não mais funcionar para dar uma boa visão.
Qual a prevenção?
Não existe como prevenir a doença. Sabemos que o ato de coçar os olhos pode desenvolver a doença ou mesmo agravá-la. Importante é tratar a alergia ocular, que pode estar associada. Pergunte ao seu médico.
Nos dias atuais, com o avanço das opções de tratamento, com o tratamento do ceratocone nas fases inicias da doença, pode-se estabilizar a doença e evitar intervenções mais invasivas. O diagnóstico precoce e o acompanhamento com o médico oftalmologista são fundamentais para essa avaliação de risco de piora da doença e seu correto tratamento para evitar as fases mais graves da doença.
Como é feito o diagnóstico?
Nos últimos anos, os métodos diagnósticos da doença tiveram grande evolução. O exame oftalmológico completo e exames complementares são fundamentais para esse fim.
A Topografia Computadorizada de Córnea foi crucial na possibilidade de desenvolver índices objetivos e métodos de inteligência artificial que aumentam a precisão diagnóstica e facilitaram a popularização desse exame.
A topografia somada à paquimetria têm importância fundamental para diagnóstico, controle de evolução da doença e planejamento de tratamento.
O estudo em 3-D da córnea- Tomografia corneana (pode ser realizado por vários métodos – Interferometria Visante OCT, Pentacam, Galilei, etc) revolucionou o tratamento do ceratocone, devido à possibilidade de observar elevação das faces anterior e posterior da córnea.
Os mapas paquimétricos são importantes para o diagnóstico, visto que as córneas no ceratocone são mais finas e tem um formato e padrão de espessura diferente das córneas normais. Além disso, determinaram precisão aos tratamentos e planos cirúrgicos.
Atualmente, análise da frente de onda (wavefront ou aberrometria óptica) possibilitaram entendimento das irregularidades ópticas. No ceratocone o polinômio de Zernicke, designado por Coma Vertical, é a que tem maior impacto na degradação visual. Desta forma, as aberrações ópticas podem ser usadas para fim de diagnóstico e para planejar tratamentos.
Concluiu-se, com estudos, que a aberrometria determina melhora significativa na acuidade visual corrigida com óculos em pacientes com ceratocone intolerantes ao uso de lentes de contato (Ambrósio et al. Impacto da análise do ‘wavefront’ na refratometria de pacientes com ceratocone. Rev Bras Oftalmol. 2011; 70 (1): 16-22).
_ fonte Dr Renato Ambrósio.
Quais os tratamentos possíveis?
As opções de tratamento são múltiplas e podem ser utilizadas sozinhas ou em associação de técnicas diferentes. A orientação do paciente e da família são aspectos fundamentais do tratamento. O tratamento da alergia ocular é fundamental e a orientação de não coçar os olhos.
No ceratocone incipiente ou inicial (estágio 1), a prescrição de óculos pode restabelecer a visão de forma eficiente.
Nas formas moderadas (estágio 2) ou avançadas (estágio 3) a adaptação de lentes de contato especiais é capaz de promover boa visão. Entretanto, nunca deve-se esquecer que as lentes de contato não param a progressão da doença.
Quando nem os óculo, ou as lentes de contato permitem uma visão satisfatória, recorre-se ao tratamento cirúrgico.
Quando Operar?
O tratamento cirúrgico está classicamente indicado com o objetivo de melhorar a visão e permitir reabilitação visual e para estabilizar a progressão da doença. As cirurgias disponíveis atualmente, em ordem de complexidade, são as seguintes:
- Crosslinking do Colágeno;
- Implante de Segmento(s) de Anel Intra-corneano;
- Ablação de Superfície Personalizada- Cirurgia topoguiada após Crosslinking;
- Transplante Lamelar de Córnea;
- Transplante Penetrante de Córnea ;
- Implante de Lente Intraocular (LIO) Fácica.
Os tratamentos podem ser utilizados sozinhos ou em associação, dependendo do tipo de ceratocone e do tipo de distorção da óptica corneana.
O Crosslink é um procedimento cirúrgico que consiste na aplicação de vitamina B2 e tratamento com luz UV-A diretamente sobre a córnea afetada, com objetivo de promover um endurecimento da córnea e impedir a evolução da doença. Córneas muito finas não devem ser submetidas a esse tipo de procedimento. É indicado exclusivamente para os casos em que há acompanhamento médico e existe progressão da doença. No final da década de 90, o grupo do Prof. Theo Seiler em Dressden, Alemanha, descreveu o tratamento para promoção de ligações covalentes no colágeno do estroma da córnea (crosslinking).
Anel intraestromal ou Anel de Ferrara
O anel de Ferrara é uma órtese de formato semicircular, de espessuras variáveis, com 5 ou 6 mm de diâmetro, confeccionada em um tipo especial de Acrílico, que é o mesmo material utilizado na confecção de lentes intra-oculares. Ele é perfeitamente tolerado pelo organismo, não havendo risco de rejeição. É o mais moderno e seguro tratamento para o ceratocone.
A primeira vez descrita essa técnica foi em 1996, com o objetivo de regularização e aplanamento da córnea. O oftalmologista brasileiro de Belo Horozonte, Dr. Paulo Ferrara.
Este é um procedimento cirúrgico que consiste no implante de uma órtese para promover a alteração do formato da córnea. No centro cirúrgico a cirurgia costuma ser rápida e indolor, com anestesia tópica. A recuperação costuma ser rápida. O procedimento tem auxiliado no tratamento corretivo do ceratocone, mas há contra-indicações, são as principais: ceratocones muito irregulares, córneas muito finas ou com cicatrizes ou muito curvas.
A exemplo do que ocorre na maioria dos transplantes, muitas vezes o paciente terá que fazer correção de grau com uso de lentes de contato ou óculos mesmo tendo feito a cirurgia do anel de ferrara.
O implante de anel de Ferrara é indicado, principalmente aos portadores de ceratocone em evolução de qualquer faixa etária, intolerantes a lentes de contato, ou com distorções acentuadas da córnea, como ocorre após o transplante. É também indicado para correção de deformidades corneanas como ectasias pós Lasik e PRK, astigmatismo irregular pós transplante de córnea e degeneração pelúcida.
O anel intracorneano é uma técnica cirúrgica com finalidade ortopédica. Esta técnica consiste na implantação da órtese na intimidade do tecido corneano de modo a alterar a curvatura da córnea na quantidade necessária para correção que se deseja obter. ( fonte Dr. Paulo Ferrara).
A cirurgia de anel é reversível (você pode retirar os anéis e voltar ao estágio antes de operar), ajustável (você pode mudar de posição, trocar ou adicionar anéis) e não compromete a indicação de futuro transplante de córnea, caso seja necessário, apesar do tratamento.
Cirurgias Combinadas- Cross+ Anel+ Laser PRK topoguiado.
A combinação de tratamentos é um dos pontos de maior interesse. Considerando que o CxL efetivamente estabiliza a córnea por aumentar a sua resistência a deformação, três modalidades de tratamento são apresentadas para remodelar a arquitetura e trabalharem em conjunto com o CxL.
A combinação da ablação de superfície personalizada como crosslinking é denominada como Protocolo de Atenas e foi descrita pelo oftalmologista grego Dr. John A. Kanellopoulos.
Transplante de Córnea:
O tratamento tem indicação apenas como último recurso, em pacientes que apresentem Ceratocones avançados que não atingem boa qualidade visual com óculos ou lentes de contato e que não tenham indicação de implantar anéis intra-corneanos. Apenas 10% dos pacientes evoluem para esta situação se não tratados numa fase mais precoce.
O que é muito importante salientar é que com o surgimento do Crosslink se tornou ainda mais importante diagnosticar o Ceratocone precocemente. Como hoje em dia tem-se a possibilidade de evitar que ceratocones iniciais progridam, tornando a reabilitação visual mais complicada. É fundamental que pacientes com astigmatismos que estejam se modificando ou que não atinjam boa visão com óculos façam exame de topografia ou tomografia de córnea para avaliar a possível existência de um Ceratocone.
Como ser um canditado ao Transplante?
O primeiro passo para fazer o transplante é consultar um médico oftalmologista especializado em córnea para a realização de exames. Hoje em dia, esse tratamento costuma ser sua última opção, isto é, quando não existe mais como ter resultado com as outras formas de tratamento. Quando isso ocorre, seu médico do CORS solicitará o pedido da córnea para a Central Estadual de Transplantes. Eles irão informar a posição que você se encontra na fila. Lembrando que a mesma é única e organizada em ordem, tanto para cirurgias de SUS, convênios e particulares.
Existe, nesse programa, uma possibilidade de inscrição junto ao CORS SOCIAL, para pacientes de baixa renda ou com dificuldades financeiras. Pergunte ao seu médico, depois do atendimento presencial, e solicite a chave de acesso ao programa e faça agora seu acesso pelo nosso site.